O trauma abdominal é uma das principais causas de morte e invalidez atingindo principalmente a população jovem, correspondendo a 80% das mortes que ocorrem na adolescência.

No Brasil atualmente, um grande número de óbitos ocorre por falta de um atendimento adequado, devido a dificuldade de visualização de possíveis hemorragias internas, a falta de comunicação com outros profissionais que realizaram o primeiro atendimento e que deixaram de repassar a situação em que a vítima foi encontrada, como foi a cinemática do trauma poderá acarretar em um achado tardio. As informações colhidas da vítima, a localização da lesão e o estado hemodinâmico do paciente são valiosos para um diagnóstico rápido e um tratamento adequado.

A avaliação do abdome é um dos componentes mais desafiadores da avaliação inicial do politraumatizado. Durante a avaliação primária de doentes que sofreram traumas fechado, a avaliação da circulação inclui o ponto de reconhecimento de hemorragias devido a fontes ocultas, como aquelas que podem ocorrer no abdome e pelve. Devem ser consideradas como causas potenciais de lesão intra-abdominal as feridas penetrantes do tronco, localizadas entre os mamilos e o períneo.

É importante citar que o diagnóstico tardio de ferimentos intra-abdominal ou pélvico está diretamente relacionado com a mortalidade precoce por hemorragia e tardia por lesão de víscera oca. Trauma em áreas ocultas de abdome dever ser suspeitado e avaliado como o retroperitônio.

Tendo em vista que parte do abdome está contido no segmento inferior da caixa torácica define-se o abdome anterior como a área compreendida entre a linha 1 Discente do Curso de pós-graduação em emergência e urgência da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein. 2 Docente Convidada da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein. transmamilar, superiormente, os ligamentos inguinais e a sínfise púbica, inferiormente, e as linhas axilares anteriores, lateralmente. O flanco é a área compreendida entre as linhas axilar anteriores e posteriores, desde o sexto espaço intercostal até a crista ilíaca diferentemente do que ocorre no abdome anterior que é dotado de estruturas músculo-aponeuróticas.

Muitos estudos mostram que os profissionais da saúde têm dificuldade em identificar e tratar o trauma abdominal. A dificuldade na sua identificação da lesão se dá ao fato do paciente estar com nível de consciência rebaixado e às vezes entubado e sedado. Outros fatores que prejudicam a avaliação são: intoxicação aguda por álcool, pelo uso de drogas ilícitas, por lesões que alteram o cérebro e a medula espinhal ou por lesões de estruturas adjacentes, como as costelas, a coluna ou a pelve que podem ser associadas a dor referida.

O traumatismo abdominal se enquadra em uma das principais causas de morte do paciente politraumatizado, O mecanismo de trauma, força de lesão, sua localização e o estado hemodinâmico do paciente determinam o momento da avaliação do abdome. Boa parte dos quadros de hemoperitônio decorrentes de uma lesão visceral abdominal são oligossintomáticos. Portanto, uma avaliação rigorosa do abdome e uma correta orientação irão reduzir os erros na interpretação e os impactos desfavoráveis na evolução do paciente.

Os órgãos mais frequentemente afetados no doente vítima de trauma abdominal fechado são: baço (40 a 55%) e o fígado (35 a 45%); intestino delgado (5 a 10%). A incidência de hematomas retroperitoneais em doentes com trauma fechado submetido a laparotomia é de 15%. Embora os mecanismos de restrição previnam vários traumas graves, eles podem causar tipos específicos de ferimentos.

A falta de conhecimento do mecanismo do trauma determina um baixo índice de suspeita de lesões esquecidas, como, subestimar a quantidade de energia transferida para o abdome na contusão abdominal; lesões viscerais e vasculares causadas por agentes externos de baixa velocidade principalmente por arma branca ou fragmentos; Subestimar a quantidade de energia transferida por ferimentos por projéteis de alta velocidade que provocam lesões lateralmente ao seu trajeto.

Lesões abdominais não reconhecidas são uma das principais causas de morte em pacientes poli traumatizados. Devido à dificuldade do diagnóstico correto no trauma abdominal, a melhor conduta é transportá-los com suspeita de lesão abdominal por trauma para o hospital apropriado mais próxima.

O profissional de enfermagem não deve se preocupar primeiramente em determinar a extensão exata do trauma abdominal, mas em tratar os achados clínico.

Em casos de traumas abdominais fechados ou abertos, as vísceras sofrem a desaceleração, aceleração, compressão e cisalhamento, No trauma por objetos penetrantes as lesões ocorrem de forma direta.

A qualidade do atendimento ao traumatizado depende da ação de todos os profissionais envolvidos, incluindo medidas administrativas que vão de recursos humanos, educação permanente e que haja recursos modernos para diagnósticos precisos, porem isso não descarta o papel do enfermeiro como líder, que deverá estar preparado para realizar um atendimento de excelência atentando a adequada definição da gravidade do quadro clínico do cliente, evitando o aumento da morbidade.

 

Autor:

Roberto Carlos de Almeida

Enfermeiro especialista em emergência e urgência.